"Percorri toda essa trajetória e até agora não cheguei a lugar algum.
Sim, acredite, eu mudei muito. Descobri dentro de mim mesma, uma pessoa muito paciente, muito esperançosa muito corajosa, muito guerreira. Mas chega um ponto que as forças acabam, o corpo pede descanso e a mente já não funciona.
Meu coração já não aguenta mais bater, as lágrimas já não chegam aos meus olhos, e minhas pernas não sustentam mais o meu corpo. Isso tudo porque aquela mensagem de "eu te amo" não chegou aos meus ouvidos, esse tempo todo. "
Anne Martins

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Quarta-Feira de cinzas.


E chegamos em mais uma quarta-feira de cinzas, e como já diz o nome...restaram-se só as cinzas.

Restaram apenas as cinzas de um amor perfeito, de uma idealização errada de uma pessoa que nunca existiu.

Agora eu pergunto-me...ama-se tanto uma pessoa, a ponto de querer dar a vida por ela, descobre-se que a pessoa não é o que você pensa..que a pessoa que você têm em mente não existe..foi apenas ilusão de sua cabeça..uma farsa...seria também uma farsa esse amor?

Durante o Carnaval, a ordem era ser feliz...sendo você ou quem você sonhava ser...não, quem sonhavam que você fosse.

(...)

- Prazer, meu nome é Fulano.
- Muito prazer, eu te amo Fulano.

(...)

Hipócrita, isso é o Carnaval.
Hipocrisia, fantasia, mentira..farsa..mundo de mentira.

(...)

Bloco na rua, música rolando, pessoas pulando, espuma, confete e serpentina... " Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre eu to feliz...".

Avistei uma senhora em uma janela, tinha seus 85 anos, seus cabelos brancos e sua pele enrugada denunciavam seu tempo vivido, mas seu sorriso e seus olhos brilhantes...faziam-na uma criança de apenas 3 anos, que não têm noção de tudo aquilo que se passava naquela rua, naquele bloco.

E por muito tempo fiquei olhando aquela senhora feliz, mandando tchauzinho para todos, jogando confetes, serpentinas, balões de ar...

Pensei...Como devia ser olhar tudo aquilo e lembrar de tantos carnavais já vividos? Devia passar um filme pela cabeça daquela senhora de cabelos tão branquinhos, todas as pessoas que passaram pela vida dela, todas as pessoas que se foram, os momentos bons, os ruins, as farras, os Carnavais... momentos em que ela estava na companhia de amigos, familiares, pessoas... e agora, tantos anos após, agora que sua idade havia chegado, estava em uma janela..sozinha, e mesmo assim feliz.

(...)

"Hoje o dia nasceu do final, e a manhã se escureceu... E quando deu meio dia,quanta lágrima corria, Nem deu pra dizer é carnaval..."

Hoje...hoje eu acordei, de um sono profundo...dormia eu há 11 meses, pensava estar sonhando com um amor perfeito, porém a perfeição estava apenas dentro do sonho, não havia possibilidade de traze-la para a realidade.

O carnaval me mostrou que essa perfeição não existe, nem nunca existiu. Pessoas, em carne e osso não podem jamais possuir "perfeição", se é que essa tal perfeição existe.

(...)

Essa quarta-feira de cinzas leva com ela o carnaval, e eu torço... torço com muito fervor para que o vento passe e leve essas cinzas, cinzas da decepção, da raiva, do desamor, da falsidade, da farsa, da vida de mentiras.

E quando acabar todo esse fusuê de carnaval, e a vida voltar à ser de verdade... as notícias chegarão dizendo que as lágrimas estão lavando as cinzas desse carnaval tão sujo de hipocrisia... aí sim, meu Carnaval começará.

Uma voz gritava dentro de mim...

"Acorda, antes que seja tarde para recuperar esse tempo que você jogou fora dedicando-se à um amor...amor de mentira, ou melhor..amor de verdade em uma vida de mentiras.
Foge, pois aquele que vem finge..."


Chega !



Hora de viver uma vida de verdade.

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